Diante da decisão da Anatel de limitar inicialmente o uso outdoor da faixa de 6 GHz, os pequenos provedores insistem que o regulador deve rever a posição para liberar o uso a partir do sistema de coordenação automática de frequências – um mapeamento dos usuários para evitar interferências.
“Entendemos que às vezes, quando se desenvolve algo, como a base de dados para entender onde a frequência está sendo usada, isso leva algum tempo. Mas poderíamos permitir uso em potência standard onde sabemos o que está sendo usado. Ampliar onde sabemos que não terá problemas para começar alguns testes”, defendeu o presidente da Associação Neo, Alex Jucius, ao participar nesta quarta, 3/3, do Wi-Fi 6E no Brasil, promovido pelo WiFi NOW, com a participação do portal Convergência Digital.
Ele apontou que o Wi-Fi 6E e suas evoluções têm forte potencial para redução do gap digital no Brasil, especialmente como ferramenta dos pequenos provedores. “Temos uma longa história de atendimento por Wi-Fi. A maioria dos ISPs começou atendendo pequenas localidades e trabalha bem com o Wi-Fi”, disse Jucius, lembrando que empresas menores detêm 41% do mercado de banda larga fixa no País.
“Oferecemos FTTH em locais remotos do Brasil. E já começamos a enfrentar algum congestionamento em 2,4 e 5,8 GHz. O Wi-Fi é indispensável e a pandemia mostrou que ele é ainda mais importante do que já imaginávamos. As pessoas estão ainda mais conectadas, seja por conta do trabalho ou do estudo. Vimos que 60% do trafego nos smartphones tem offload por Wi-Fi.”
Segundo o presidente da Associação Neo, a ampliação crescente da rede de fibra, que já atende metade dos mais de 36 milhões de acessos, levou as conexões de alta velocidade para o interior. “São fornecidas por PPPs as 10 maiores velocidades de conexão no Brasil. E entre as cidades com maiores velocidades, só uma entre as top 10 é capital, Teresina. Então temos conexões de 300 Mbps, mas o Wi-Fi é um gargalo hoje. A banda maior do Wi-Fi 6E nos dará uma qualidade equivalente à internet cabeada, com baixa latência, com um sistema mais confiável.”
As faixas de 2,4 GHz e de 5 GHz estão congestionadas no Brasil e torna-se urgente ter mais frequência por mais capacidade e eficiência, afirma o chefe de Tecnologia da CommScope para Caribe e América Latina, Hugo Ramos.
Para o VP da Oi, Carlos Eduardo Monteiro, o Brasil tem desafios a vencer para a expansão do Wi-Fi 6, como ofertar mais segurança jurídica e regulatória para os investimentos. O câmbio – já que todos os aportes e equipamentos são atrelados ao dólar – desponta como um gargalo a ser enfrentado.
Definindo-se como uma empresa de software que precisa de hardware e frequência para atuar, a Mambo Wi-Fi diz que os hotspots públicos vão crescer até nove vezes até 2022 com a liberação da faixa de 6 GHz para serviços não licenciados.