A destinação da faixa de 6 GHz para aplicações não licenciadas, como consta de proposta em discussão na Anatel, é medida importante para a inclusão digital no Brasil. Além de viabilizar o uso de novos dispositivos que exigem mais e mais capacidade de banda. É o que ressalta a Abranet na consulta pública 82, encerrada pela agência à meia-noite de domingo, 24/1.
“As aplicações pretendidas a partir do uso do espectro não licenciado são, especialmente aquelas que levarão a cobertura de redes locais sem fio para zonas rurais e áreas carentes”, destaca a contribuição da Abranet, que se posiciona favoravelmente ao desenho apresentado pela Anatel, pelo qual todo o espectro de 1200 MHz entre de 5,925 GHz e 7,125 GHz é aberto ao uso não licenciado.
Na prática, isso significa uso dessas radiofrequências em dispositivos como os roteadores WiFi, especialmente na nova geração tecnológica desse tipo de conectividade fixa sem fio. Ou seja, é o espectro que viabiliza a aplicação do chamado WiFi 6E, que promete taxas de transferência próximas a 10 Gbps. Até por isso, como também aponta a Abranet na consulta realizada pela Anatel, o uso não licenciado favorece a utilização de dispositivos mais modernos e que exigem altas taxas de transferência de dados.
“As aplicações em dispositivos de baixíssima energia, operam, particularmente, na banda de 6 GHz para oferecer suporte a aplicativos de alta taxa de transmissão de dados, incluindo dispositivos de alta performance, vestíveis, de realidade aumentada e virtual são também uma possibilidade a ser considerada.” A Abranet destaca que o uso disseminado do WiFi é fundamental. Estudos indicam que no Brasil, cerca de 75% do tempo de conexão se dá por essas redes fixas, mesmo quando estão sendo utilizados dispositivos móveis, como os telefones celulares.
Não por menos, a Abranet lembra que “dispositivos não licenciados que empregam padrões conhecidos como Wi-Fi e outros padrões que utilizam espectro não licenciado se tornaram indispensáveis para suportar redes locais de computadores com capacidade de conectividade sem fio, de baixo custo, em inúmeros produtos usados por consumidores no mundo todo”.
A entidade defende na consulta que seja dada atenção à produção local de equipamentos. “A fim de assegurar que a indústria brasileira possa permanecer atuante nesse mercado, desenvolvendo produtos e conhecimento, recomenda-se ao Comitê Gestor do Funttel considerar projetos que envolvam os dispositivos tratados no presente regulamento possibilitando a participação de industrias nacionais nesse processo.”
As faixas de 2,4 GHz e de 5 GHz estão congestionadas no Brasil e torna-se urgente ter mais frequência por mais capacidade e eficiência, afirma o chefe de Tecnologia da CommScope para Caribe e América Latina, Hugo Ramos.
Para o VP da Oi, Carlos Eduardo Monteiro, o Brasil tem desafios a vencer para a expansão do Wi-Fi 6, como ofertar mais segurança jurídica e regulatória para os investimentos. O câmbio – já que todos os aportes e equipamentos são atrelados ao dólar – desponta como um gargalo a ser enfrentado.
Definindo-se como uma empresa de software que precisa de hardware e frequência para atuar, a Mambo Wi-Fi diz que os hotspots públicos vão crescer até nove vezes até 2022 com a liberação da faixa de 6 GHz para serviços não licenciados.